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terça-feira, 15 de novembro de 2016

A JANELA DE NINA


Nina era uma menina solitária, não tinha muitos amigos, tinha seus pais , mais não era a mesma coisa. Queria sair, se divertir como qualquer garota da sua idade.
Sentia vontade de correr, pular, mais não podia. Ela não podia andar, Nina nasceu com uma doença que a impossibilitava de mover suas pernas.
Para ela, viver em uma cadeira de rodas era como se fosse uma prisão.
Chorava sozinha em seu quarto... 
Pensando o quando Deus foi maldoso com ela, pensando o que ela teria feito de errado para nascer com esse defeito.
Ela chorava, e suas lagrimas silenciosas corriam em seu rosto.
Pela janela de seu quarto, ela observava a chuva caindo, se imaginava correndo com os pé descalço, correndo, rindo caindo, como se fizesse parte da chuva.
Pensava o quanto estava perdendo, o quanto poderia aproveitar se fosse uma pessoa normal.
O tempo foi passando.
Verões, invernos, primaveras e outonos... Nina sempre triste.
Um dia Nina acordou com um barulho em seu quintal, esse barulho vinha de uma árvore, de um ninho de pássaros.
Com dificuldades, saiu da sua cama se ajeitou em sua cadeiras de rodas, ao se aproximar da janela ela pode ver dois passarinhos, o menor estava aprendendo a voar. Com muita dificuldade, ele voava  mais tornava a  cair.
Nina via a cena com indiferença.
Toda vez que pequeno caia, o maior voava perto dele, como se estivesse incentivando, como se falasse para ele não desistir.
Foi quando o passarinho menor dando pequenos saltos, finalmente conseguiu voar, desengonçado, mais conseguiu voar.
Ele dava voltas ao redor de seu ninho, sempre acompanhado pelo maior.
Vendo isso Nina sentiu algo diferente, sentiu algo quente em seu rosto, era uma lagrima, dessa vez não era tristeza, dessa vez era diferente, vendo aquela cena ela se sentiu frustrada e enquanto aquelas lagrimas rolavam em seu rosto ela se sentia uma egoísta.
Ela estava viva, e isso era suficiente.
Nina sentiu que poderia fazer algo diferente, ela sabia que tinha capacidade para mais.
Era forte, era normal e resolveu nunca mais se lamentar.

Pela primeira vez em muito tempo os olhos de Nina brilhavam...

Ela chamou seus pais, com um gesto ela abraçou os dois, agradecendo todo amor que eles derem a ela. Como o passaro maior ele cuidavam dela, sem um dia se quer reclamar.
Eles deram a ela a chance de ser uma pessoa boa, independente de tudo.
Lagrimas saltaram dos olhos dos três, ficaram assim por um bom tempo. Somente o silêncio, talvez o calor daquele abraço, aquecesse toda a casa...

Hoje Nina se tornou uma escritora, ela escreve livros, que estimula a mente das pessoas em viagens cheia de fantasias, que levam os leitores em castelos, florestas, mundos mágicos e em universos nunca explorados.
Depois de muito tempo, Nina pela sua janela, pode ver o amanhecer de uma forma diferente, ela sente o nascer do Sol esquentando seu rosto, e sempre que isso acontece, ela chora, agradecendo por estar viva.

Hoje Nina sorri...



Teco Garces