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terça-feira, 2 de maio de 2017

CRÔNICAS DE UM OLHAR TÍMIDO

Lá vai ela, todos os dias na sua rotina, sempre com sua mochila nas costas.
Chegando do colégio com as mãos enfiadas nos bolsos do seu moletom surrado, seu tênis AllStar seu companheiro de varias viagens. Sempre cabisbaixa, com o capuz do seu agasalho cobrindo seus cabelos.
Com fones nos ouvidos, talvez escutando alguma musica da Legião urbana ou algum hard core do Nirvana.
Ela parece carregar todo conhecimento do mundo nas costas. Seu jeito fechado na verdade é para disfarçar sua timidez. Mas sempre trazia em seu olhar uma felicidade contida.

Em seu caminho para casa, sempre via dois conhecidos tocando violão, ela passava por eles escutando as batidas. Ela gosta do som, mais nunca teve coragem de parar para dizer o quanto era bom escutar aquelas melodias. Ao invés disso ela cumprimentava com um leve sorriso e aumentava o passo.
Isso a deixava irritada, essa timidez estragava tudo.
Quem sabe um dia? Pensou baixinho. Prosseguiu seu caminho apressada.
Em sua casa, corria para o quarto e se jogava em sua cama, viajava em seus pensamentos enquanto via os pôsteres de sua banda predileta, se imaginando fazer parte dela.
Foi quando ela teve uma idéia, iria escrever uma musica.
Ela imaginava as batidas do violão e ia montando as letras, formando uma canção. E fez isso por dias, rasgava as folhas e voltava a escrever até a musica ficar pronta.
Dentro da sala de aula ela não conseguia conter a ansiedade, não via a hora do sinal de saída bater.
Finalmente a aula tinha acabado, juntou seus materiais, colocou em sua mochila e saiu apressadamente da sala.
Hoje sua rotina seria diferente, hoje ela deixaria sua timidez de lado.
Chegando na rua avistou seus colegas tocando violão, e naquele momento pensou em passar direto e esquecer toda besteira que tinha planejado.
Contrariando a si mesmo parou na frente deles e disse: "oi"
- Oi, e aí como você tá? Perguntou um deles
- Tô bem! Respondeu ela com o rosto corado de vergonha
- E aí, como foi a aula? Perguntou o outro.
- Foi normal, aquela chatice de sempre.
- Chata, isso é verdade, eles concordaram e riram.
Ela resolveu tomar a iniciativa.
- Sabe, sempre que passo por aqui e vejo vocês tocando violão, e escrevi uma música, queria que vocês dessem uma olhada nela.
- Legal, deixa a gente dar uma olhada.
Os dois pararam de tocar e começaram a ler a música.
Ela ficou apreensiva com o silencio dos dois, sentia vergonha. E se eles não gostassem? E se os dois começassem a rir do que ela tinha escrito?...
- Cara gostei!
- Verdade, muito boa essa música, foi você mesmo que escreveu?
- Sim!Respondeu ela se segurando por dentro para não gritar de alegria.
- Podemos tentar tocar ela agora, o que acha?
Sem acreditar ela quase perdeu a voz.
- Sim claro!
- Então vamos começar!
Eles começaram a tocar os violões, parecia que já sabiam o ritmo certoda música.
Foi quando ela viu um dos rapazes dando a deixa para ela começar.
Ela pensou que ficaria travada, que sua voz fosse sumir. Criou coragem e resolveu começar.
No princípio sua voz saiu baixa, sem segurança, e pensou que estragaria tudo.
- Espera um pouco! Disse um dos rapazes.
- Relaxa, se solta, deixe a música fluir através de você!
- Tá vou tentar novamente!
Começaram com a introdução. Ela fechou os olhos e começou a cantar, dessa vez sua voz estava em harmonia com o som.
A sintonia era completa, a voz, os violões.... Sua voz suave parecia sincronizar com tudo ao redor, ecoava entre as casas os carros as arvores e até entre as pessoas que passavam pela rua.
Enquanto cantava sentia brisa do vento tocar seu rosto. Aquele momento se tornou magico, parecia a celebração da sua vida.
Aos poucos as pessoas começaram a parar para escutar aquela canção. Sua música por algum momento, fez com que elas se esquecessem dos seus problemas, de seu corre-corre apressado de suas rotinas maçantes. Parecia que sua música estava mexendo com o sentimento das pessoas.
O cinza da cidade ficou colorido. O tempo parecia parar contracenando com o instante único que sua voz estava proporcionando.
Não teve vergonha das pessoas ao seu redor, ela só queria cantar, só queria mostrar através da música sua alegria, sua gratidão pela vida, queria sentir o clima, sentir seu corpo leve era capaz até de sentir tua alma em paz.
De certa forma ela tinha vencido seu medo, tinha provado, não para pessoas, mais provado a si mesmo sua capacidade.
Quando a canção terminou, se sentiu leve como um pássaro, seus amigos que tocavam violão ficaram boquiabertos. As pessoas aplaudiram pelo momento que presenciaram. Seus olhos estavam marejados, seu coração pulsava forte, estava feliz.
E naquele momento ela não era mais aquela garota tímida.



Teco Garces





COMENTÁRIO A RESPEITO DE JOHN


Saia do meu caminho, eu prefiro andar sozinho
Deixem que eu decido a minha vida.
Não preciso que me digam, de que lado nasce o sol
Porque bate lá o meu coração.

Sonho e escrevo em letras grandes de novo
pelos muros do país.
João, o tempo, andou mexendo com a gente sim.
John, eu não esqueço, a felicidade é uma arma quente

Queeeeeente, queeeeeente....

Saia do meu caminho, eu prefiro andar sozinho
Deixem que eu decido a minha vida.
Não preciso que me digam, de que lado nasce o sol
Porque bate lá o meu coração.

Sob a luz do teu cigarro na cama,
Teu rosto rouge, teu batom me diz
João, o tempo andou mexendo com a gente sim
John, eu nao esqueço(oh no, oh no), a felicidade é uma arma quente,

Queeeeeente, queeeeente....


Nascimento: 26 de outubro de 1946
Falecimento: 30 de abril de 2017