FÚNEBRE AMOR

Imagem do filme Warm Bodies

Hoje está sendo uma tarde feliz.
Estou voltando da floricultura com um buque enorme de flores para minha amada, que me espera na praça.
Quando de repente, uma pessoa vem em minha direção e como um louco morde minha mão.
Com o susto o empurrei, parecia que estava drogado sei lá. Ele caiu no chão, mas logo em seguida se levantou e saiu correndo, fiquei sem entender nada. Ele não me machucou, mas senti que a mordida doeu um pouco.
Cada louco que aparece... Pensei. Apesar do susto dei risada.
Nem estava acreditando, depois de muito tempo teria um encontro com minha amada.
Continuei indo ao meu destino. Sinto minha mão formigando, parecia que no local da mordida estava tendo câimbras.
Esse formigamento estava se espalhando pelo braço. Parecia se espalhar pelo corpo todo.
Sentia calor, estranhamente sentia muita fome...
Mesmo com a visão embaçada, consigo ver meu amor, sentada no banco me esperando com seu sorriso lindo no rosto.
Continuo andando em sua direção... Meio cambaleando... Sem coordenação. Não sei qual o sentimento que me faz mover, mas só quero sentir o calor de sua pele.
Aproximo-me dela e noto que seu olhar tem um misto de medo e desespero.
Não entendo e tento falar para ter calma, que eu não iria machucá-la. Mas o único som que saía dos meus lábios eram grunhidos estranhos.
Seguro ela pelos braços, apertando com força. Sinto ela se debater tentando se soltar... enquanto ela se movimentava, a pele dos meus braços estava se desprendendo, como se estivesse podre.
Puxo-a em minha direção, cada vez mais seu cheiro doce e agradável me deixa faminto.
Sua pele macia...
Não consigo entender porque ela me rejeita, eu a amo e só quero seu bem. Mas o impulso e a fome me deixam cego...
Consigo chegar próximo ao seu pescoço... Sinto vontade de beijá-la, mas a única coisa que consigo é morder, cravar meus dentes, sentir a carne macia... Sentir o sangue quente escorrendo.
Em meus braços sinto que ela se mexe mais devagar... Ela já não grita mais desesperadamente.
Em seu ultimo suspiro pude ver em seu olhar que ainda me amava.
Mesmo sem entender dou um forte abraço.
Quando sinto aquele corpo sem vida diante de mim, perco de uma forma o interesse...
Levanto-me e continuo a caminhar sem rumo, dou uma olhada para trás, e ela continuava ali, imóvel, como se estivesse dormindo ao lado das flores.
Meu instinto me faz continuar caminhando, cambaleando sem coordenação, seguindo em frente.
Ainda tenho fome, me arrastando. Grunhindo palavras sem sentido. Ficando cada vez, mas difícil pensar.
Quem sou eu? O que me tornei?
Sinto que estou triste, mas não consigo chorar.
O que move meu corpo é o instinto de me manter vivo...
Andando sem rumo... Andando sem vida... como um Zumbi!

Teco Garces